SAMPAPÃO

Em meio a crise financeira do século XX, no dia 11 de Fevereiro de 1915, surgiu a União Cooperativa dos Proprietários de Padarias de São Paulo. Formada por panificadores de várias nacionalidades, tinha como objetivo a união de todos os proprietários de padaria da Capital a fim de que o setor viesse a progredir, superando as dificuldades. Todos sabiam que o produto que vendiam em seus estabelecimentos era de primeira necessidade para a vida, e que por isso era necessária a união e a cooperação entre todos os panificadores. A primeira reunião teve como presidente o Sr. Callogera Callia, panificador de prestígio dentro da cidade, proprietário da Grande Padaria e Confeitaria Siciliana, que juntamente com outros quarenta e seis proprietários de padarias, encontraram- se no Salão Cosmopolita para decidir o futuro do setor.

O Estatuto Social foi aprovado na primeira Assembléia Geral, ocorrida no dia 9 de Março, onde além de discutirem os assuntos pertinentes a estruturação da entidade também levantou os problemas que mais incomodavam os panificadores naquele momento: cadastro de fregueses (como forma de evitar os maus pagadores); cadastro de empregados (padeiros); a questão das cocheiras junto a Diretoria de Higiene; o problema de importação de farinha de trigo (causado pela Primeira Guerra Mundial), entre outros...

Em 1928 diversas reformas foram propostas pelos diretores, dentre elas a mudança da denominação da entidade para Associação dos Proprietários de Padarias de São Paulo. Mais tranqüilos frente à economia brasileira, os panificadores voltaram a discutir seus problemas setoriais: lei de descanso semanal, preço do pão, autorização para condução de carrinhos de entrega, entre outros...

O ano de 1935 é marcado pelo amadurecimento da Associação e a conscientização da sua função frente à classe panificadora. Pensando numa maior integração entre os proprietários de padarias e a Associação, a entidade resolveu criar o seu próprio órgão de informação para o setor. Revista “Panificadora Paulista”. A publicação aconteceria mensalmente e além de informações do cotidiano panaderil, ficaria encarregada de informar os panificadores sobre todas as decisões e atos tomados não só pela Associação de São Paulo, mas também do Brasil.

Ainda no ano de 1935, mais precisamente no dia 6 de Julho, os panificadores de São Paulo ganharam como importante aliado na defesa dos interesses da classe, o Sindicato dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo. Tendo como primeiro presidente o Sr. Paschoal Tanzillo, o Sindicato contou com a perseverança e determinação do Sr. Benjamim Ribeiro, que na qualidade de presidente da Associação, não mediu esforços para concretizar o sonho de uma entidade sindical para o setor.

Com a fundação do Sindicato, não só os panificadores da Capital, mas também os do interior passaram a contar com um serviço de apoio frente aos problemas enfrentados pelo setor. Ao longo dos anos, os trabalhos em conjunto da Associação e do Sindicato trouxeram muitas conquistas para o setor de panificação: Cooperativa de Seguros, aquisição da Sede da rua Boa Vista, Jantar dos Panificadores, Fipan, Ceripan, Festa da Primavera, Edifício Frederico Maia, Fundipan, entre outros, retratando assim o exemplo da união como forma de ultrapassar as barreiras, que impedem o sucesso de diversos projetos.

Dessa forma, podemos concluir que a história e a memória do setor de panificação, através das suas entidades representativas, estão diretamente ligadas a memória das entidades sindicais e associativas brasileiras, sendo devidamente merecedora de reconhecimento e respeito pelo seu desempenho junto a sociedade.

Sede

Quando se entra no Edifício Frederico Maia, o que mais chama a atenção é o elevador panorâmico que dá para um pátio interno. Mas ele é apenas um aspecto do projeto arrojado criado pelo arquiteto Emílio Guedes, para o prédio de quase 6 mil metros quadrados construído pela Planova - Planejamento e Construção - na Rua Santo Amaro, no centro de São Paulo. A nova sede do SINDIPAN / AIPAN exigiu investimentos estimados em mais de R$ 6 milhões. Mais do que o dinheiro, a empreitada precisou de trabalho e da dedicação de vários empresários da categoria, que ostentavam todo o orgulho do setor durante a festa de inauguração. E que festa: foram mais de 1.600 convidados espalhados pelos setes andares.

O prédio tem também dois pisos de garagens subterrâneas, com vagas para sessenta carros; área para exposições de arte ou eventos sociais e um auditório com acesso independente para o nível térreo. A sala comporta 224 pessoas sentadas, mas pode ser utilizado, também, para festas, bailes, jantares, mesas redondas e outros eventos culturais, pois as cadeiras são removíveis. Todos os andares tem flexibilidade de uso, uma vez que suas divisórias permitem várias composições de ambientes.

Memorial da Panificação

Abrigado no primeiro andar, um museu dedicado a história do segmento da panificação: peças e equipamentos, registros fotográficos e fonográficos contarão toda a trajetória do mercado do pão, nos últimos cem anos.

Em uma das alas do segundo andar vai funcionar um centro de treinamento de recursos humanos e desenvolvimento de produtos; em outra ala, laboratório de analises físico-químicas, com espaços para degustação, biblioteca e outros departamentos.

Nos demais andares, atividades de natureza administrativa, como: departamentos de assistência jurídica, de orientação trabalhista, de assistência técnica ao setor. Todos dedicados ao atendimento de padarias e confeitarias, visando cada vez mais qualidade nos produtos colocados para o consumidor; orientação técnico profissional, cursos profissionalizantes. As atividades sociais e esportivas também terão espaço na nova sede

O terreno irregular de 625 metros quadrados da Rua Santo Amaro, próximo a Câmara Municipal, cercado por antigos prédios de apartamentos residenciais, exigia uma solução que resguardasse a privacidade dos vizinhos e que trouxesse conforto as pessoas que lá estarão trabalhando. O arquiteto Emilio Guedes optou, então, por uma edificação, como ele mesmo define, de conceito introspectivo: fachada de vidro com colunas de granito vazadas no alto e paredes laterais sem aberturas ou janelas. O vão livre no centro da construção, antecedido por um pórtico, sugere uma terceira dimensão. Quem observa o edifício de frente, vê, através de seu interior, os fundos. A integração da parte da frente e o fundo do prédio, com espaços circundados por plantas e espelhos d'água. é determinante em todo o visual da construção.

Já quem estiver no elevador panorâmico interno terá uma visão privilegiada do painel, de 30m x 8m, colocado estrategicamente na parede a sua frente. Essa obra de arte impressiona por suas dimensões, devendo se tornar um ponto de atração para os visitantes logo na entrada do edifício.

Segundo Emílio Guedes, foi possível elaborar para esse empreendimento uma arquitetura bioclimática, onde são utilizadas as condições ambientais do lugar. Ela possibilita inegável redução de custos, mas proporciona, principalmente, o bem-estar das pessoas que irão freqüentar o interior do prédio. "Em todo o projeto, existe sempre essa preocupação", explica, "e quando se tem uma mínima chance de implantação desse conceito, não se deve perder a oportunidade".

Com a solução bioclimática, preserva-se a temperatura ambiente e, somente em dias muito frios, ou excessivamente quentes, recorre-se ao ar condicionado central. O clima tropical, e, mais precisamente, a temperatura amena da cidade de São Paulo, favorece sua utilização nas construções de prédios comerciais, afirma Guedes. Em todos os andares, percebem-se ambientes amplos, divididos por divisórias removíveis, para uma circulação perfeita do ar que vem da rua. O vidro com filtro nas janelas da fachada impede que 78% do calor de fora penetre nos ambientes. Resultado: pavimentos arejados, com intensa luminosidade, percorrendo todos os espaços internos.

"Se os empresários se convencerem de que, mesmo diante dos riscos da economia brasileira, as oportunidades não estão limitadas, estarão contribuindo para que melhores prognósticos se concretizem de fato". Esta disposição otimista, manifestada pelos presidentes do SINDIPAN e da AIPAN, prevaleceu também entre os empresários presentes à inauguração. O presidente Frederico Augusto R. de V. Maia deu o tom no seu discurso: "a crise não é maior do que o homem; é infinitamente menor do que o sonho do homem", e citando Fernando Pessoa: "Deus pensa, o homem sonha e a obra nasce". O edifício que abriga a nova sede recebeu o nome desse homem que tanto sonhou para a obra nascer, Frederico Maia.

Mesmo diante de um quadro desfavorável na economia brasileira, a vontade de levar adiante a construção da nova sede confirmou a disposição empreendedora do setor, que não se intimida à frente dos desafios impostos. Visivelmente emocionado, o presidente da AIPAN, Rubens Casselhas, comentou que o novo prédio é a prova de grandeza de propósitos de todos os associados e especialmente da união de um grupo de pequenos empresários panificadores. "Hoje está aqui a prova de que, quando os recursos são bem geridos, os resultados aparecem, e isso é motivo de orgulho para a panificação de São Paulo e do Brasil", diz ele. "Como todos os setores de atividades, estamos atravessando grandes dificuldades. No entanto, tentamos passar para os nossos associados que, mais do que uma crise, esse é um momento de mudança e que eles procurem acompanhar corajosamente essa transformação", afirma Rubens Casselhas.

Para viabilizar a conclusão das obras da nova sede, constitui-se uma Comissão Organizadora de Obras. Entre seus componentes, o panificador Fernando Paiva Castro e Azevedo teve papel de destaque e muitas horas dedicadas aos detalhes do projeto e à busca de recursos junto a categoria, que por sua vez sempre respondeu com contribuições significativas. Por isso, Fernando era um dos mais emocionados na festa. "Com este prédio, o atendimento que o Sindicato vem possibilitando aos seus associados será ainda melhor. É o retorno que SINDIPAN/AIPAN estão dando aos panificadores. Eles não mediram esforços para que esse edifício fosse erguido. E em plena fase de dificuldades econômicas para todos".

Feliz com o sucesso do evento, Fernando Paiva, não deixou de lembrar os nomes daqueles que auxiliaram na comissão durante a construção do edifício. E fez uma referência especial ao diretor do SINDIPAN Manoel Rodrigues Pereira, que trabalhou ao seu lado. "Quero que todos saibam o ser humano se qualidade que ele é. Com mais dez iguais a ele, nós viraríamos o mundo", afirma emocionado.

Entre as autoridades presentes na festa de inauguração, o deputado federal Arnaldo Faria de Sá, lembrou que, mesmo com toda a alegria da festa, não poderíamos esquecer dos muitos panificadores obrigados a fechar seus estabelecimentos por causa das dificuldades econômicas. Também o secretário de Governo, Fernando Lessa e o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, José Luiz Bica, representando o Governador Mário Covas, destacaram o trabalho do SINDIPAN/AIPAN na reciclagem dos trabalhadores no setor, com os cursos e palestras periódicas. Nas novas instalações, essas atividades terão ainda melhores condições de serem desenvolvidas.

Destaque ainda para a presença, no evento, do presidente da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Carlos Eduardo Moreira Ferreira, para quem "a inauguração da nova sede é a prova mais eloqüente e evidente de que com esforço, trabalho, seriedade e competência, é possível remover dificuldades". Ele destacou ainda que a conclusão da obra oferece clara demonstração de união do setor em torno das diretorias do SINDIPAN/AIPAN.

Representando as entidades de panificação e confeitaria de São Paulo o SAMPAPÃO trabalha com foco nas necessidades de seus associados. As entidades vêm aprimorando sua competência como prestadora de serviços ao longo dos anos, e os trabalhos em conjunto trouxeram muitas conquistas para o setor de panificação. Com base no desenvolvimento e modernização da categoria, o SAMPAPÃO oferece a seus associados uma diversidade de vantagens e serviços. Por reunir todos esses diferenciais, podemos afirmar que o SAMPAPÃO é reconhecido como uma das maiores Entidades de panificação do Brasil, que busca fazer sempre o melhor para a categoria e para seus associados. O SAMPAPÃO tem sua base territorial nos municípios de São Paulo, Taboão da Serra, Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, São Lourenço, Juquitiba, Cotia, Vargem Grande Paulista, Osasco, Carapicuíba, Itapevi, Barueri, Jandira, Santana do Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Cajamar, Mairiporã, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, Guarulhos, Santa Isabel, Arujá, Poá, Salesópolis, Biritiba Mirim, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes e Suzano, todos no Estado de São Paulo. Outros:

Nossas Entidades deixaram de ser simples entidades sindicais representativas no segmento de panificação paulistana, para se transformarem em verdadeiras empresas prestadoras de serviços aos nossos associados. O SAMPAPÃO representa 6.000 indústrias de panificação e cerca de 12.000 empresários em sua base territorial.

VALORES Respeito às pessoas, excelência, capacitação profissional, trabalho duro, gestão participativa, integridade e transparência.

MISSÃO Promover o desenvolvimento e zelar pelos interesses dos estabelecimentos de panificação e confeitaria de São Paulo, contribuindo para o progresso e bem-estar de seus cidadãos.

VISÃO Situar o setor de panificação e confeitaria de São Paulo entre os melhores do mundo.

O número significativo de panificadores na festa era a maior prova dessa unidade em torno do trabalho das entidades. Ronaldo A. Macarrão, da Panificadora Cepan, por exemplo, destacou que "esse é um momento de adaptação aos novos conceitos de desenvolvimento de produção". Seguindo a mesma linha de raciocínio, o empresário Magno Castanheira, da Confeitaria Estrela D'Alva, igualmente acredita em criatividade e atualização nas panificadoras, observando que elas devem se impor diante dos novos desafios do mercado. Essa, segundo ele, é a melhor fórmula a ser seguida pelos pequenos empresários que hoje encontram-se em dificuldades. "Para alavancar os negócios, é preciso inovar, só assim poderão reverter a situação atual, diz ele. Já Álvaro Ribeiro Guedes, da Angélica Pães e Doces, assegura que é preciso coragem para enfrentar mudanças, deixando de lado velhos hábitos, compreendendo as transformações originadas pelos avanços tecnológicos.

Animado com as possibilidades de apoio que os associados irão encontrar na nova sede e com a própria obra, Wagner Ferreira, da Saint Germain Panificadora, concorda com essa proposta de modernização e acredita que "só conseguirá se manter e ir para frente, quem corresponder às novas exigências do mercado consumidor".

O que está claro para todos os empresários do setor é a disposição do SINDIPAN/AIPAN em dar condições para que os panificadores possam enfrentar as dificuldades que se apresentam e, ao mesmo tempo, mostrar que essa união dos associados é a arma mais importante para a batalha.